Círculo Bíblico

Os círculos bíblicos são a presença da Igreja nas regiões geográficas das paróquias.

Eles se reúnem nas casas, sob a direção de um coordenador, devem sempre ser ligados à paróquia, por isso não são um movimento supra paroquial ou supra diocesano. As pequenas comunidades formam a comunidade paroquial. O objetivo é fazer com que as pessoas encontrem a vida em Cristo, se aproximem mais, sejam mais solidárias, se conheçam melhor, criando comunidades fraternas. A consequência é formar uma comunidade e uma presença de “Igreja” naquele local. Sua finalidade volta-se para a reflexão que, partindo de Cristo, Verbo eterno encarnado, chegamos a temas da vida atual, colocados sob a forma de agir na visão de Jesus, ficando mais fácil ligar a vida atual de cada participante aos ensinamentos bíblicos. A Igreja nasce do alto com a presença do Espírito, que ilumina a realidade das pessoas pela Palavra proclamada.


O círculo bíblico é essencialmente missionário. Pelo fato de ser realizado na residência de um paroquiano, este se sente à vontade para convidar algum vizinho ou parente que esteja um pouco afastado da Igreja, ou do próprio Deus, e também pelo fato de seus componentes se reunirem fora do templo e atuarem fora do espaço comum da sede da comunidade. É a tradução de uma Igreja em saída. Como missionário é também gerador de outros grupos de reflexão que se espalham por outros locais, prédios, condomínios, bairros. Os seus componentes são missionários da Palavra de Deus, pois a levam para os lugares onde se reúnem: prédios, lares, locais de trabalho testemunhando pela sua vida a certeza de que o Senhor Jesus está vivo e Ressuscitado e Vive entre nós. Em tempos de tantas dificuldades para iniciar a evangelização em alguns ambientes e condomínios, os círculos bíblicos são uma maneira missionária de o católico atuar. As visitas marianas também ajudam nessa situação. Enfim, teremos que saber como chegar ao coração das pessoas.


O círculo bíblico tem em sua dinâmica a leitura da Bíblia (lectio), a meditação sobre a Palavra (meditativo), a reflexão sobre a vida iluminada por ela, a oração motivada pelo texto (oratio) e a nova visão da vida e do mundo (contemplação), que nos levam a uma prática evangélica na vida de cada dia. No meio dessas reflexões, de rezar, de refletir, podemos cantar, também fazer perguntas, falar, ouvir, responder, enfim, partilhar a vida iluminada pela Palavra. Dos pequenos grupos sentiremos a necessidade de participar da missa dominical em nossas capelas ou paróquias para que se complete o alimento com o banquete Eucarístico.


Com o tema “Para que n´Ele nossos povos tenham vida” e o lema “Praticar a justiça, amar a misericórdia e caminhar com Deus”, o Mês da Bíblia 2016 traz como proposta de estudo e aprofundamento o livro do profeta Miqueias. O Texto-Base aborda, de forma explicativa, o tema e lema. Está organizado em seis capítulos. Já o roteiro de “Encontro Bíblico” oferece cinco celebrações para a vivência em grupo, além de sugestões de cantos litúrgicos.


É muito importante dedicarmos um tempo para lermos e meditarmos a Palavra de Deus. A Lectio Divina vem do latim e tem como significado, “leitura divina”, “leitura espiritual” ou ainda, na tradução utilizada no Brasil, “leitura orante da Bíblia”; é um alimento necessário para a nossa vida. A partir desta experiência, conscientes do plano de Deus e a sua vontade, pode-se produzir os frutos espirituais necessários para a salvação. A Lectio Divina é deixar-se envolver pelo plano da Salvação de Deus. Os princípios da Lectio Divina foram expressos por volta do ano 220 e praticados por monges católicos, especialmente as regras monásticas dos santos: Pacômio, Agostinho, Basílio e Bento. Santa Terezinha do Menino Jesus dizia, em período de aridez espiritual, que quando os livros espirituais não lhe diziam mais nada, ela buscava no Evangelho o alimento de sua alma.


O Concílio Ecumênico Vaticano II, em seu Decreto Dei Verbum 25, ratificou e promoveu, com todo o peso de sua autoridade, a restauração da Lectio Divina, que teve um período de esquecimento por vários séculos na Igreja. O Concílio exorta, igualmente, com ardor e insistência, a todos os fiéis cristãos, especialmente aos religiosos, que pela frequente leitura das divinas Escrituras alcancem esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo (Fl 3,8). Porquanto “ignorar as Escrituras é ignorar a Cristo”. (São Jerônimo, Comm. In Is., prol).  


Assim, entenda-se a voz de Deus não apenas nas letras, no papel, no livro, mas no mundo. A comunicação de Deus está em todo lugar. Ele sempre fala à sua criatura, mas para entender essa fala é preciso ter este livro aberto (a Bíblia) e o coração disposto a ouvir, ou seja, ter o ouvido aberto. Se por um lado a comunicação de Deus Pai através do Filho é mais personalizada e explícita, por outro, essa comunicação através da Bíblia exige de nós uma atenção mais dedicada. Sendo assim, um modo de prestar atenção naquilo que Deus nos fala na Bíblia não é apenas “lê-la”, mas é, principalmente, “rezá-la”. Isso porque a palavra puramente lida precisa da atualização através do ensinamento da Igreja e do toque do Espírito Santo, que ensina a ouvir do jeito certo.

Fonte: http://www.catolicanet.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9944:circulos-biblicos&catid=46:articulistas&Itemid=88