Seminarista

Um grande gesto concreto de contribuir com a formação dos sacerdotes além da oração e doações para sustento do Seminário Nossa Senhora da Penha é acolher o seminarista em seu estágio pastoral.

Aqui na Paróquia Bom Pastor no período de 2019 – 2020 recebe o seminarista Alessandro Rebonato, que concedeu essa entrevista a jornalista Ana Ronchi para o primeira edição da Revista Conexão em outubro de 2019. Confira:

Qual sua paróquia de origem?

Sou da Paróquia Virgem Maria, em Itacibá e minha iniciação cristã se deu na comunidade Imaculada Conceição. 

Quanto tempo está na Paróquia Bom Pastor?

Entrei esse ano. A Paróquia Bom Pastor é minha terceira pastoral dentro do processo formativo. Nós estudamos oito anos, estou no sétimo ano, portanto o último. Nos dois primeiros anos eu fiquei na Paróquia da Ressureição em Goiabeiras, depois fiquei mais dois anos na paróquia São Camilo de Lellis na Mata da Praia. Agora estou indo para os dois últimos anos na Paróquia Bom Pastor da Praia da Costa. Estou no terceiro ano de teologia, se tudo ocorrer bem em 2020 recebo meu diaconato. Nós chamamos de diaconato transitório porque dura entre seis meses a um ano até receber o segundo grau da ordem, que é o presbiterato. 

Com quantos anos você entrou no seminário?

Entrei no seminário com 36 anos. É importante ressaltar porque muitos desistem por pensarem que estão velhos. Atualmente é até comum ir para o seminário com uma experiência maior de vida. Não que seja um critério, mas as pessoas estão buscando um direcionamento vocacional com a idade mais madura. Antes os meninos entravam no seminário na primeira infância, com sete ou oito anos. Esse quadro mudou. É muito comum procurarem hoje com 25, 30 anos. 

Qual é sua história de participação na Igreja?

Eu fui trabalhar ativamente na Igreja aos 18 anos, antes eu ia para cumprir um preceito. Era o que tinha para fazer no fim de semana, ir à igreja e depois sair com os amigos. Depois fui tomando conhecimento, me apaixonando cada vez mais e acabei mergulhando de cabeça. Já fui coordenador da comunidade, do grupo de oração, do grupo de adolescentes, entre outros. Naquela época muitos já falavam comigo que eu seria padre. Muitos padres também chegaram a questionar o porquê de eu não fazer um discernimento vocacional. Eu nunca havia me visto como padre. Acredito que estava tão mergulhado nas atividades da igreja que aquilo já me satisfazia, me fazia realizado. 

Como você decidiu que seria padre?

Quando cheguei aos 33 anos vi que muitos colegas de infância e adolescência estavam casados, formando famílias e com filhos. E eu, na contramão disso, estava mergulhado nas atividades da igreja. Comecei a me questionar então o que Deus queria da minha vida. Passei a refletir. Eu precisava decidir se iria casar ou seguir outros caminhos. Foi a partir desse momento em que comecei a procurar um discernimento na minha vida. Comecei a tentar ouvir o que Deus queria de mim. Foi muito difícil no começou, demorou cinco anos pra fazer esse discernimento. 

A mudança veio de um retiro que participei no Paraná. Era uma espécie de seminário ligado ao movimento que eu participava dentro da Igreja. Quando voltei desse retiro, já com 35 anos, comecei a questionar de forma mais enfática: “Meu Deus, o que vai ser da minha vida?”. Cheguei do retiro e, desfazendo as malas, um sentimento caiu no meu coração como uma luva: “você vai ser padre!”. Foi uma alegria enorme. Nunca tinha experimentado algo que me fizesse sentir tão completo dentro de uma vocação. A partir daí comecei a buscar direcionamento. Fui ao padre e ele me encaminhou ao Seminário Nossa Senhora da Penha. Fiz os encontros vocacionais em 2014, depois, entrei no seminário. 

Não foi fácil. Nunca é simples entender a vocação, mas Deus vai dando os sinais. Ele fala em nosso coração, fala através das pessoas, de palestras e assim por diante.  Eu ainda estou nesse processo de discernimento, mas não me vejo hoje em outro lugar que não seja como padre. Eu não me vejo casado nem constituindo uma família, eu me vejo padre. Estou nesse processo: disposto e disponível para o que Deus tem na minha vida. O que eu sei é que quero fazer a vontade dEle. 

Que dica você daria aos jovens que pensam em ingressar no seminário?

Primeiro é ser sincero consigo mesmo. Muitas vezes ficamos preocupados com que os outros irão pensar, o que a família vai pensar, o que os amigos irão dizer. É importante que nós nos desvencilhemos dessas pressões sociais e olhemos para dentro de nós mesmo. É Necessário que nos perguntemos: “onde mora nossa felicidade?”. Porque o meu termômetro é minha felicidade. Quando eu tiver dúvidas terei que parar, pensar e discernir. A dica então seria essa: se abrir à graça de Deus, ouvir o que Ele fala ao nosso coração e ignorar os barulhos externos, porque isso atrapalha.